Almanaques ou a Sabedoria e as Tarefas do Tempo
"Os antigos calendários
A divisão do ano em função dos fenómenos nele observáveis e respectivo registo, o que, em suma, constitui a parte nuclear do que chamamos almanaque, recua a épocas remotíssimas. No texto do túmulo de Ramsés IV, século XIII antes da nossa era, está gravado um calendário cronológico. Os Romanos utilizavam tabuinhas polidas com a inscrição dos factos relativos às quatro estações. Nelas se indicavam as festas fixas e o curso das constelações; serviam para todos os anos.
No museu de Farnésio, havia, pelos meados do século XIX, um «almanaque» destes, de mármore, em que se assinalavam os trabalhos agrícolas dos diversos meses. Os Escandinavos, em sua aproximação da civilização latina, usavam também tabuinhas destas em caracteres rúnicos e daí o nome de varas rúnicas. Expunham-se muitas nos museus da Dinamarca e Suécia. Sua idade não será anterior aos séculos VI ou VII a. C.

Origem da designação «almanaque»
O vocábulo almanaque é de origem incerta. Antenor Nascentes escreve: «Do árabe almanakh, lugar onde a gente manda ajoelhar os camelos; daí, conto, que neste lugar se ouve, e finalmente calendário. Eguilaz dá o lat. manachus (circulus) empregado por Vitrúvio no sentido de círculo de um meridiano que servia para indicar os meses. No baixo latim aparece almanachus e no baixo grego alamanakon, nome dado por Eusébio a calendários egípcios.

O que é um almanaque.
Podemos considerar o almanaque como uma publicação de periodicidade (quase sempre) anual com variável número de páginas que pode ir desde as dezasseis, habituais nos folhetos de cordel,
até mesmo abranger algumas centenas, a qual poderá caracterizar-se por:
1. quanto aos seus objectivos, ser obra prática de fácil e permanente consulta;
2. quanto à sua estrutura, apresentar-se muito variada, embora as diferentes matérias se organizem por referência a uma tábua cronológica ou calendário, em que se fazem anotações religiosas (festas, santos), se indicam as principais feiras e arraiais, se registam as fases da lua;
3. quanto à natureza dos conhecimentos que veicula, abranger desde os dados astronómicos e meteorológicos, efemérides, ou ainda curiosidades, conselhos práticos, mezinhas, pequenas notas sobre acontecimentos, fenómenos ou personagens, até a notas astrológicas (sobretudo o «juízo do ano», horóscopos), anedotas, adivinhas, provérbios, quadras e mesmo algumas poesias. Podemos dizer que a função na vida quotidiana dos vários públicos a que, ao longo dos séculos, se tem dirigido é a também hoje exercida por três tipos de publicações auxiliares: o calendário, o anuário e a agenda. "
in Almanaques ou a Sabedoria e as Tarefas do Tempo,
Manuel Viegas Guerreiro e J. David Pinto Correia
Manuel Viegas Guerreiro e J. David Pinto Correia
1 Comments:
O Comentário que posso fazer é que sou um coleccionador de almanaques, particularmente antigos.
. Possuo vários mas o mais interessante é uma colecção dos ALMANAQUES DE LEMBRANÇAS LUSO-BRASILEIRO DE 1851 A 1932 São 87 volumes, incluindo índices desde 1872 a 1898. Trata-se de uma publicação deveras interessante e rara. Pois nunca vi nada em catálogos de Alfarrabistas. O que já tenho visto são apenas exemplares de um ou outro ano mas muito raramente
Jacinto Catau
Enviar um comentário
<< Home